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Pacientes que recebem transfusão têm mais chance de sofrer derrame cerebral - O Globo Online

Pacientes que recebem transfusão têm mais chance de sofrer derrame cerebral - O Globo Online
Pacientes que recebem transfusão têm mais chance de sofrer derrame cerebral

Plantão | Publicada em 09/10/2007 às 11h24m
EFE

WASHINGTON - As transfusões de sangue poderiam ser prejudiciais para muitos pacientes, porque o sangue doado perde um gás que permite a transferência de oxigênio aos tecidos, segundo dois estudos divulgados esta semana.

- Milhões de pacientes recebem transfusões com sangue cuja capacidade de levar oxigênio está comprometida - assinalaram os pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Duke, que publicaram os estudos na revista "Proceedings of the Natural Academy of Sciences". - O sangue pode salvar uma vida, mas não ajuda da forma como esperávamos e em muitos casos pode ser prejudicial - disse Jonathan Stamler, o pesquisador-chefe de um dos estudos.

A chave está no óxido nítrico, um componente do sangue, o qual dilata os vasos sanguíneos abertos e assim permite a transferência de oxigênio dos glóbulos vermelhos aos tecidos.

Os estudos demonstram que este gás começa a se descompor quase que imediatamente depois que o sangue sai do corpo do doador.

- Surpreendeu-nos a velocidade com que o sangue muda. Vimos sinais claros do diminuição do óxido nítrico nas primeiras três horas - afirmou Timothy McMahon, que dirigiu um estudo que analisou durante intervalos regulares a composição química do sangue doado.

Sem óxido nítrico, os vasos capilares não se dilatam, os glóbulos vermelhos se acumulam nas artérias e os tecidos não recebem oxigênio, segundo Stamler, cujo estudo descreve pela primeira vez a função desse gás.

- O resultado pode ser um ataque do coração e inclusive a morte - alertou o médico.

Nos últimos cinco anos, numerosos estudos demonstraram que as pessoas que recebem transfusões sangüíneas têm mais probabilidade de sofrer um derrame cerebral e um ataque cardíaco, e de morrer.

Além de abrir os vasos, o óxido nítrico dá flexibilidade aos glóbulos vermelhos. À medida que seu nível cai, essas células endurecem, o que torna mais difícil que se deformem para passar pelos minúsculos vasos capilares, segundo os especialistas de Duke.

Em um experimento para tentar reverter o problema, Stamler e sua equipe acrescentaram óxido nítrico ao sangue injetado em cachorros, o que aumentou o fluxo sanguíneo que chegava ao coração dos animais.

- Isto mostra que acrescentar óxido nítrico ao sangue humano poderia em teoria melhorar sua capacidade de dilatar os vasos sanguíneos e com isso prevenir os ataques do coração e inclusive a morte - declarou Stamler.

Em todo caso, os cientistas recomendaram que testes clínicos sejam realizados em grande escala com seres humanos para prová-lo.

- Não há dúvida de que as transfusões de sangue podem ser prejudiciais - disse Stamler. - Há dúvidas sobre a gravidade do problema - acrescentou.

Nos Estados Unidos, 4,8 milhões de pessoas requerem transfusões a cada ano, as quais recebem 14 milhões de unidades de glóbulos vermelhos. O sangue doado é guardado por um período máximo de 42 dias, após o qual é destruído.

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